Banguela

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E era só uma criança, no auge de sua molequice. Pela educação recebida pelos pais era sempre um bom menino. Bom dia, com licença, obrigado, por favor, tinha na ponta da língua todas as palavrinhas mágicas. Carinhoso com a mãe, agitado com o pai, apegado no irmão, entre abraços e sorrisos banguela distribuía pela casa a alegria de ser. Cercado pelos amigos, a maior cobiça de poder era a disputa para saber quem seria o Ranger Prata. Amor até então era as cartinhas de amor da menina que sentava na fila do lado. Traição sequer existia, e a dor, para ele só era conhecida no sentido físico da coisa, como esfolar o joelho jogando bola, por exemplo. Não era apegado, muito menos preocupado - sua maior atenção com o tempo era terminar logo a tarefa para não perder o Dragon Ball. Quando a noite chegava era hora de ir pra cama. Cansado pela correria que aprontava no dia, que nesse caso aplica-se no sentido literal da palavra correr, não demorava a cair no sono. Para ele, motivos para perder o sono eram os monstros e vampiros que os perseguiam nos pesadelos, nada mais. Era assim, natural. Mas o tempo passou, o menino cresceu e as coisas mudaram.