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30m²

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Arrisco-me a dizer que o tempo seja, talvez, a criação mais complexa feita por Deus. Penso isso, pois hoje olho para trás e vejo um turbilhão de transformações e uma vida intensa, amontoada de emoções e que se segue, constante. Há um ano atras, escrevia sobre anseios e medos, e concomitante à ansiedade por uma grande mudança, dizia um adeus marejado - de quem deseja a novidade com o coração apertado em se despedir. Há exatos doze meses, soltava a mão dos meus amigos, dando tchau e aprumando a vela, para seguir junto aos ventos do destino. Saí da segurança dos meus pais, marquei um ponto final e, comprometido com os meus objetivos, iniciei uma nova etapa. Enfim, o tempo passou e posso dizer que encerro amanhã meu primeiro ano em Brasília. Sei que a ausência será passageira, mas confesso que vou embora diferente. Além das minhas dezenas de roupas sujas, levo na minha bagagem as inúmeras lembranças destes últimos dez meses. Por aqui compreendi o que é começar ~e recomeçar, várias vezes~, fiz novas amizades e aprendi o real significado da palavra confiar. Mais do que a experiência de morar sozinho, ou de começar uma graduação, eu vivi Brasília. Vivi a #secaDF, andei pelas entrequadras, morri de tédio. Amei, chorei, perdoei, encontrei pessoas com gostos semelhantes aos meus, contornei diferenças. Bons tempos nunca foram tão bons, e o especial nunca fará tanta falta, mesmo num curto espaço de tempo. A despedida nem se fez e a saudade já está presente. Obrigado por fazerem parte disso e, por favor, estejam aqui na volta.

Carta para um futuro subjetivo - próximo ou distante

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Olá, bom dia. Não sei como estamos hoje, muito menos o rumo que as coisas tomaram, mas espero que estejamos todos bem. Mas não posso mentir que desejo que seja eu a pessoa ao seu lado agora, para lhe sorrir com o olhar a cada 'eu te amo' que ouvir. Espero que o cheiro em meio as minhas cobertas e o travesseiro ainda seja o mesmo do de agora, o dos seus cabelos. Espero que neste exato momento, você porte uma aliança em uma das mãos com a qual segura esta carta - e que tenha sido eu a pessoa que finalmente lhe convenceu a usar uma. Não espero estar mais bonito, ou diferente, mas bom o bastante para já ter sido apresentado ao seus amigos - e que eles achem que eu combino com você. Espero que já tenhamos escolhido o filme de segunda, e que os almoços de terça ainda estejam de pé! Espero que estejamos fluentes em francês, e que nossa viagem para a Europa tenha acontecido pouco depois desta carta. Espero finalmente ter conhecido sua mãe, e que você já tenha rido e me passado vergonha junto com a minha. Espero que o Corinthians já tenha conquistado uma Libertadores, porque né... se não fica difícil dar credibilidade. Espero que tenha conseguido seu mestrado, e que eu estivesse presente no dia da defesa. Espero que eu não tenha te deixado desistir daquele seu 'tal negócio', e que você finalmente tenha conseguido seu primeiro milhão. Espero que eu ainda esteja me enxugando com a toalha molhada, que você deixa depois dos banhos que tomamos juntos. Espero que ainda tenhamos saudades um do outro, em cada longo período que nos mantemos distantes. Espero que o Infinity ainda exista, para sempre te telefonar. Espero já ter rodado aquele filme, com o roteiro da sua mãe e das suas tias, que pegavam o carro pra azarar. Espero que ele tenha ganhado prêmios, com você na primeira fila, para fazer os agradecimentos enquanto te olhava. Espero que tenhamos passado por maus bocados, que tenhamos duvidado de nós mesmos, nos stressado bastante. Tudo isso, para sempre concluirmos que a saudade dói mais e que nos fazemos felizes. Espero que tenhamos finalmente desvendado o que é o amor e, descoberto que no fim das contas, sempre tivemos a mesma opinião. Espero que eu tenha te convencido a arriscar, e lhe provado que valeria viver tudo isto acima com uma só pessoa, eu. Espero que você seja a mulher da minha vida. 

Depois da tempestade

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Caminhando solitário entre folhas caídas e árvores tombadas, raízes expostas ao chão. Sua pele toca o frescor e a calmaria trazida após um embate sangrento entre natureza e querer, a força de uma tempestade. Ecos de um passado presente ainda grunhem a dor de um membro arrancado. Tudo fora do lugar, a vida nua e vulnerável, sem censuras posturais. Frente aos olhos, o chorume de um orgulho perdido, cacos de um forte incinerado. Corre os olhos para trás e enxerga toda a decadência, existente apenas por aqueles que permitem-se viver.  A poeira molhada invade seus átrios, o recomeço. O amor por fim, não o destrói, mas sim, desfaz seus medos. Sem lágrimas pode entender, o quão pequeno é, e como toda essa dependência não o deixa apodrecer.

Sweet Caroline

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Bons tempos nunca pareceram tão bons, isso é fato. Pode ser a euforia pelo novo, ou talvez o ímpeto pela tão esperada liberdade/independência. Não sei. Só sei que igual ao hoje jamais se viu, vi.
Entre textos, audios, sinucas e karaokês, longas distâncias, videos e novas amizades, vai-se vivendo o mais harmônico dos tempos confusos. A tragédia moderna, de tão cotidiana acabou nem sendo tão trágica assim.
Ceteris paribus, só que ao contrário. A translação continua e as variáveis se conservam no acréscimo de outras mais. O epílogo desejado já está pronto, aberto para algumas modificações. Agora é acompanhar, interferindo, vivendo.

E os ventos do destino...

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Boa noite a todos, é inevitável começar com um clichê mas tenho que dizer que fazer este discurso foi uma das coisas mais difíceis que encarei até hoje. Claro, depois das provas de Máquinas Elétricas. Primeiro pensei em fazer aqueles discursos sobre cada pessoa da sala. Por exemplo, Tigre, nome científico Felipe Dias. Dono do sorriso mais dentário da sala e o único que assim como a Maria Teresa nunca faltou em sua vida acadêmica. Mas como imaginei, ninguém ia pegar as piadinhas internas e ia ficar esse clima de descontração igual o de agora. Por outro lado, pensei também em fazer um texto de agradecimento aos professores. Expressando por exemplo, toda a minha gratidão por cada lista de exercício que eles passaram, ou então por aquela deliciosa semana com 8 provas no mesmo dia. A verdade é que pensei... pensei e só fui  mesmo conseguir começar a escrever quando olhei pra minha mesa e vi ela: A apostila de redação do Luiz Carlos. Abri no capítulo técnicas de redação e vi as várias opções de dissertação. Tratando-se de uma sala como a nossa pensei em usar a técnica 2, temas polêmicos. Afinal, uma sala que consegue ter sua primeira briga numa aula sobre silogismo, já mostra a que veio. Mas no final das contas acabei adotando a técnica 19, textos para solenidades pseudo-importantes. Enfim, vamos lá. Creio que todos nós compartilhamos hoje sentimentos de alegria, contentamento. Porém, vale ressaltar as diferenças dessa alegria para cada um de nós. Entre os professores, a felicidade de dever cumprido e até mesmo de alívio, né? Já para os familiares, creio que toda essa felicidade venha do orgulho. Ver o filho se formando, virando gente, como dizia a minha avó. Entretanto, é inegavel dizer que os mais felizes aqui somos nós. O alívio de finalmente concluir tudo isso é imensurável. Acho que em nome de todos da turma posso dizer o quanto esses três últimos anos foram massantes. Posso parecer ousado mas arrisco a nos considerar como sobreviventes, afinal, 42 começaram, mas só 32 chegaramm até aqui. E olha, e como foi conturbado todo esse percurso. Provas atrás de provas, listas imensas de exercícios, trabalhos feitos nas vésperas, e entenda véspera como um horário antes e não como o dia anterior. Se há um mistério nisso tudo é como sempre conseguimos fazer com que tudo sempre desse certo. Mas temos que confessar também que o Cefet não é esse inferno todo também não. Como deixar passar em branco as viagens? Ouro Preto, UFMG, a ida para a PUC, com direito a guerra de flashes na volta. Os almoços dentro da sala, que a gente nunca sabia se comia ou se conversava. O truco clandestino. Não podemos nos esquecer das gincanas, que sempre geraram discórdia na turma mas no final todo mundo acabava se divertindo, ou não. Dos churrascos. Vale lembrar também dos casais que se formaram ao longo desse tempo, uns oficiais, outros... enfim. E claro, as ecléticas rodinhas de violão. Com o Gaubão na viola e o nosso menino prodígio, Pastel, no vocal, sertanejo, funk, pagode, rock, valeu de tudo pra espantar o tédio e fazer o tempo passar. E o tempo passou... e junto com isso veio sem dúvidas, a maior aprendizagem que levamos do Cefet. Quer dizer, a segunda maior aprendizagem, porque nada se compara ao diagrama ferro carbono, um verdadeiro mantra do curso de eletromecânica. Mas como ia dizendo, aprendemos em todo esse tempo a conviver. De repente, mais de 40 pessoas, a maioria sem se conhecer, são colocadas na mesma sala, passando a conviver horas e horas por dia. Sem exagerar, mas chegando épocas em que nos víamos mais do nossas próprias mães. Misturados entre as pesonalidades mais distintas, o 3°A, desenvolveu-se como uma turma “peculiar”. Começamos a perceber que nem sempre vamos gostar de todo mundo, e entendemos também que isso é nomal. Aprendemos na marra, que também não gostar não impede o respeito e a boa convivência. E mesmo que nesses três anos tenhamos nos divididos em grupos - o que é inegável, no final das contas éramos sempre unidos pelo desespero. Na hora de pedir aqueles 30 centavos pra tirar o xerox no Rayner, de copiar aquela bendita lista de Resitência dos Materiais, ou da cola marota nas provas de Circuitos - sinto em dizer aos pais aqui presentes, mas sim, nós colamos. Não sei se é a chegada do fim do curso, mas a verdade é que no fim das contas nos tornamos mais unidos do que realmente pensávamos ser. Com todas as emoções exaltadas poderia dizer que um ponto de exclamação seria propício para este momento. Ou então uma interrogação: Será que vamos manter as amizades? O que será de nós? Para onde vamos? Porém, se refletirmos, concluiremos que o melhor mesmo é um ponto final. Não um ponto que nos desconecte, mas que feche este período, permitindo que um outro se inicie. Abrindo espaço para mais páginas de nossas histórias. Páginas estas, que assim como um livro que se interelaciona em seu todo, conterá também influências do momento em que vivemos - do hoje!  Saímos agora da escola, de debaixo das asas dos nossos pais, para sermos adultos. Daqui de cima, posso ver grandes engenheiros mecânicos, elétricos, engenheiros químicos, de produção, médicos, internacionalistas, psicólogos... mas acima disso, vejo pessoas aptas a escreverem o seu próprio futuro. Enxergo um poder de decisão, a capacidade de mudança - que mais do que a qualidade do ensino que obtivemos, é o que realmente nos tornam superiores. Por fim, encerra-se aqui mais um ciclo. Mas para aqueles que encaram tudo isso com um tom de fim, de tristeza, eu só tenho a dizer que hoje, 26 de novembro de 2010, hoje, os ventos do destino apenas começaram a soprar.

*esboço do meu discurso de formatura

Deriva

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As vezes me espanto com o curso em que tu me levas, ou com a força das ondas contrárias. Não muito raro me questiono se navego sozinho para o nada. Meu leme, cúmplice de minhas sandices, se nega a tomar um rumo que não o teu cais. Os ventos ecoam, proclamam um futuro que destoa da correnteza que tenta provar que juntos não veremos o pôr-do-sol. 


E me deixo na ressaca desse mar, para que me achegue à calmaria das praias do seu abraço.

Sem lenço, sem documento

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Talvez muitos, aliás, a maioria daqueles que irão às urnas hoje não entendem a magnitude de tal ato. A democracia, que atualmente já nos é tão cotidiana, nem sempre pairou por estas bandas. Muitos morreram, foram torturados, censurados, na conquista da liberdade que temos agora. Portanto, antes de apenas "dar mais um voto", reflita sobre o caminho percorrido por nosso país até aqui. Fardados da democracia que finalmente podemos vestir, que possamos validar o passado com o futuro que iremos escolher.



Eu vou...

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   "Pai, deixa eu apertar os botõezinhos?" Parece que foi ontem o tempo em que acompanhava o meu pai para ir votar nos dias de eleição. Se bem recordo, a primeira foi para presidente - FHC vs Lula, em 1998. No auge das privatizações, assim como o meu pai, todo o bairro em que moro, conhecido pelo grande número de ferroviários, estava fervoroso com as possibilidades de uma reeleição do tucano. E assim foi.
   Outras eleições vieram e eu sempre estava lá. Aos comandos do meu velho, digitava os números na urna e no clímax da democracia a tecla confirma, que convenhamos, tem um barulhinho bem legal. Talvez por isso, ou também por isso, cresci com um gosto imensurável por política.
   A medida que ia ganhando idade, estendia o meu contato democrático para além dos botõezinhos da urna. Com o ganho da maldade, aprendi a assistir jornal, a perceber que nem tudo era bem do jeito que o tio Bonner insiste em contar. Passei a compreender que nem sempre o bom era o melhor, e que até os melhores são corruptos. Mas além disso, aprendi que a corrupção não deve ser motivo para minha desmotivação cidadã, pelo contrário,  me faz ainda mais importante no cenário nacional. Afinal, frente a um problema que me afeta, de duas uma, ou rompo com a inércia e assumo a responsabilidade de solvê-lo, ou então terei de aprender a conviver pacificamente com a situação. Entre programas eleitorais e escritos de Maquiavel, me deixei seduzido pelo jogo político. Não pela politicagem, porque essa me da nojo. Mas sim pelas estratégias, pela inteligência legal.
   Por fim, ao completar meus 16 anos tratei logo de fazer o meu título. Por mais utópico ou nacionalista que possa parecer todo esse discurso, não posso negar, ao pegar o documento me senti válido, um brasileiro pleno. Portanto, 12 anos depois, cá vou eu, confirmar essa plenitude, votar pela primeira vez. Porém, com uma diferença, agora, além dos números digitados, a decisão também é minha - com o peso da tecla confirma que irá me acompanhar por 4 anos, ao longo dos próximos mandatos.

Setuvem

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Sentado aqui, me perco a te imaginar.
Entre cores e borrados me arrisco a desenhar o teu sorriso.
No menor dos sinais me precipito,
pensando ser você.

Me tira desse tédio,
da rotina do esperar.
Encaixa logo teu olhar no meu
só pra espantar essa minha vista cansada.

Vê se não demora
ou se der, manda avisar quando chega.

Uni duni tê

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Desde pequenos entendemos que é inevitável fazer escolhas. Aprendemos que cada uma delas possuem pesos diferentes e conseqüências muitas vezes ainda mais distintas. Seja a roupa que usará na balada de amanhã ou o candidato em que votará nas próximas eleições, do menor ao maior, viver e escolher são dois atos completamente interligados. Nesse contexto de escolhas e decisões nenhum outro exemplo cairia melhor do que o vestibular. De fato comparar a vida a uma prova extensa e sempre decisiva, com diversas alternativas e perguntas, horas fáceis outras difíceis, seria uma perfeita analogia. Entretanto, o assunto em pauta nesse post será um pouco mais específico e agudo, um momento sim relacionado ao vestibular, que pode não parecer mas exige muito mais do candidato do que a própria prova. Do que estou dizendo? Da escolha de uma carreira. 
Os jovens e adolescentes de hoje, tão frequentes tachados como irresponsáveis e imaturos, veem jogada em suas mãos logo cedo a batata quente de decidir: "O que eu quero ser na vida?". Se fizermos essa mesma pergunta para uma criança de 5 anos ela nos responderá naturalmente, sem maiores poréns: 'piloto, policial, médico, jornalista', a resposta é fácil oras, dirão o que mais lhe atraem, o que sonham ser. Mas com o passar dos anos entendemos a dinâmica das coisas e percebemos que nem sempre nossos sonhos são possíveis ou até mesmo a melhor opção. Ao contrário de uma criancinha, um adolescente de 17 anos, que acaba de sair do colégio, já conhece o mundo, tem consigo a vontade de ganhar dinheiro, a preocupação com uma reputação, a necessidade de aceitação da família, e é nessa esquina de tantas vias a serem consideradas que muitos se confundem e tem dificuldades para escolher qual o caminho a seguir. De acordo com o psicoterapeuta e especialista em psicologia escolar Leo Fraiman, há sete coordenadas indispensáveis para uma boa decisão profissional. "O estudante deve saber exatamente (1) o que ele fará no dia-a-dia, (2) com o que irá trabalhar, (3) com quem trabalhará (quais áreas e profissionais trabalharão com ele), (4) onde irá trabalhar (em casa, num grande escritório, na rua), (5) o que irá estudar, (6) como será seu estilo de vida e, a peça fundamental para a satisfação profissional, (7) qual é o significado do que ele fará", explica Fraiman. Em momentos como esses entram em campo os velhos clichês: listar atividades de seu interesse, conversas com pessoas e estudantes da área, e claro, pesquisar o máximo possível sobre o assunto. Vale ressaltar também o cuidado para uma decisão individual. Muitas vezes nos deixamos levar pelo curso da moda, pelos desejos de nossos pais ou por aquilo que é tendência entre nossos amigos. Só porque todos seus colegas pretendem cursar engenharia, não significa que se você prestar vestibular para geografia, por exemplo, será alguém menos importante ou com menores chances de 'se dar bem'. A ilusão de uma profissão perfeita, da carreira de sucesso garantido, é apagada a cada dia mais. O mercado atual não garante êxito pelo diploma que você carrega, mas sim pela bagagem e competências que traz consigo, independente da área na qual estará inserido. Portanto, nessas horas vale uma reflexão pessoal e sincera. Pesar aspirações e receios, coletar dados, questionar, tudo isso construirá uma decisão, mesmo que aparentemente insegura, bem estruturada e consciente.

Brasília continua linda...

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Se nem mesmo as delícias das minhas Minas Gerais conseguem me segurar por aqui, então só pode mesmo ser aguda essa minha 'quedinha' pela capital nacional. 
Sampa, Poa, Curitiba, são tantas as cidades que me atraem, mas apenas, somente Brasília me faz rendido. Feito criança, com os olhinhos brilhando, os pulmões cheios e a mente numa frenética realização, é Brasília que me faz suspirar - e nem me importo com o tal 'clima seco'.
Ah se lhes contasse quantos sonhos meus já moram por aquelas redondezas. Em minha última e recente ida a Brasília, a beira do Paranoá, me disseram: "... e você nem sabe se vai vir mesmo pra cá.", e não é que faz sentido? Confesso que junto a minha ânsia de me arriscar como candango, carrego também o risco da antecipação. Mas vamos combinar que sonhar é tão complexo quanto prazeroso. E se dessa vida já sou privado de tantos prazeres, é do de sonhar que não me limitarei. Além disso, existe lugar mais indicado para se arriscar do que Brasília? Uma cidade que nasceu da ousadia, levantada na incerteza, construída e povoada por aventureiros... qual outro local me seria indicado? E como é linda, como continua linda. Entre as construções, pelos sotaques que se misturam, desde as asas até as cidades satélites, corre um charme, uma peculiaridade 'cerradense' que só me torna seduzido. 
Mas enfim, enquanto não posso casar meu anseio com os ares brasilienses me deixo por aqui. Aquieto minha ansiedade na calmaria mineira, que tanto sentirei saudades. E assim vai, entre um pão-de-queijo e outro, um dia chega a hora de partir.

Não estarei ocupado, só ignorando

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Porque o que eu quero de verdade é tomar um capuccino, mesmo não gostando, as seis, logo ali, na Livraria Cultura. Eu, mortal mineiro, fascinado com as largas Avenidas Paulistas desse país. Me farto de comida, mas quero diversão, comida, diversão e arte. Cultura, do grego tempero da vida. Sério, meu sonho ser um sincero cult nacional. Assinar no mínimo três jornais daqui e dois de fora - Times e Guardian. No meu apartamento uma estante, ou melhor, uma sala cheia de livros. Livros que comprei, outros que ganhei, emprestados, esquecidos, lidos, relidos e aqueles que só me agradam a capa. De manhã, com a janela entreaberta quero ler meus e-mails, conferir os destaques do dia e saber qual a boa pra hoje a noite. Meu almoço, sirva-me somente depois das 13h, gosto sempre de um café da manhã reforçado, o que me corta o apetite. Ah sim, quero blogar, instigar. Até penso mas minha falsa modéstia me impede de querer um dia inspirar, que sá polemizar.

Longe de mim marcar de receber os amigos em casa. Não mesmo! Quero que eles venham sem avisar. Que batam na porta "tá aberta, pode entrar", que abram a geladeira e me avisem quando algo já estiver para acabar.
Ei, Ulisses, o queijo acabou ein!
Festas? As organizadas sem dúvidas são as mais chatas. Logo, comemorações e reuniões deverão ser espontâneas. Três, quatro, cinco amigos em casa? Let's party... compremos a comida, a bebida, um som a médio volume e rasguemos a madrugada  naquele gostoso saudosismo.
Nossa, você se lembra daquele dia na faculdade? 
E aquela viagem de 2016. Muito foda!
Cachorro quero um. Daqueles que tem cara de sono e que sentam de baixo da mesa enquanto escrevo ou uso o PC, quem sabe um Mac. Vou chamá-lo de um nome bem humano e tradicional. Afonso me agrada. Talvez Adamastor.

O turno da tarde deixo ainda indefinido. Se professor, vou ser daqueles bem descolados. Na verdade descolado não. Afinal, depois dos 18 ser descolado é coisa de gente baranga. Não sou a peça mais carismática, mas modéstia a parte serei o professor mais querido entre os alunos. Caso seja jornalista, quero uma coluna. Diária, semanal, decido isso depois. Se político ou diplomata ainda não sei, a ideia atrapalha um pouco a minha proposta caseira.
Idiomas pretendo falar no mínimo cinco. Português, claro, inglês, francês, espanhol e italiano. O segundo e o último são os que mais me atraem. English, cool. Italiano sexy.

No meio disso tudo ainda não citei você. Você que nesse caso aplica-se como sujeito indefinido ou inexistente.
É claro que em todos esses planos existe em cada detalhe um slot disponível para te encaixar. A cama, de casal. Os livros, aqueles que você me der de presente. O texto perdido ou a falta de concentração, deliciosamente será você. Que me distrai, me diverte, prende meu pensamento. Acordar tarde, dormir tarde, rasgando horas e horas madrugada adentro conversando, rindo, e lógico, o tradicional.
Entretanto, crio apenas a deixa, mas não te encaixo. Todo esse futuro é gostoso demais para ser boicotado com complicações.
Se encaixar, elaiá! Até deixo você escolher o nome do nosso filho, ou do cachorro. Preferências.

Caso não, todo partidão que se preze leva junto uma paixão ardente inacabada, ou inconformada. E lógico, por ser um partidão um dia você liga. Lógico que liga!
Se esqueceu que sou romântico? Depois de mim, quem vai te mandar flores em dias nada comemorativos. SMS no meio daquela reunião de pauta chata? Meu papo, excelente. Qual outro cara consegue ir da política a novela sem tediar? Ressaltado claro, sempre te fazendo rir. Destreza para aguentar aqueles seus dias de stress, mais alguém, alguém? Quem mais aturou suas crises egocêntricas, seus ataques de indiferença? Foda né colega?
Olho pra bina, vejo o número, mas não atendo. Não porque esteja ocupado, só vou ignorar mesmo. Afinal, se não tenho o felizes para sempre, o final feliz é que não vou perder.
HÁ!