Não estarei ocupado, só ignorando

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Porque o que eu quero de verdade é tomar um capuccino, mesmo não gostando, as seis, logo ali, na Livraria Cultura. Eu, mortal mineiro, fascinado com as largas Avenidas Paulistas desse país. Me farto de comida, mas quero diversão, comida, diversão e arte. Cultura, do grego tempero da vida. Sério, meu sonho ser um sincero cult nacional. Assinar no mínimo três jornais daqui e dois de fora - Times e Guardian. No meu apartamento uma estante, ou melhor, uma sala cheia de livros. Livros que comprei, outros que ganhei, emprestados, esquecidos, lidos, relidos e aqueles que só me agradam a capa. De manhã, com a janela entreaberta quero ler meus e-mails, conferir os destaques do dia e saber qual a boa pra hoje a noite. Meu almoço, sirva-me somente depois das 13h, gosto sempre de um café da manhã reforçado, o que me corta o apetite. Ah sim, quero blogar, instigar. Até penso mas minha falsa modéstia me impede de querer um dia inspirar, que sá polemizar.

Longe de mim marcar de receber os amigos em casa. Não mesmo! Quero que eles venham sem avisar. Que batam na porta "tá aberta, pode entrar", que abram a geladeira e me avisem quando algo já estiver para acabar.
Ei, Ulisses, o queijo acabou ein!
Festas? As organizadas sem dúvidas são as mais chatas. Logo, comemorações e reuniões deverão ser espontâneas. Três, quatro, cinco amigos em casa? Let's party... compremos a comida, a bebida, um som a médio volume e rasguemos a madrugada  naquele gostoso saudosismo.
Nossa, você se lembra daquele dia na faculdade? 
E aquela viagem de 2016. Muito foda!
Cachorro quero um. Daqueles que tem cara de sono e que sentam de baixo da mesa enquanto escrevo ou uso o PC, quem sabe um Mac. Vou chamá-lo de um nome bem humano e tradicional. Afonso me agrada. Talvez Adamastor.

O turno da tarde deixo ainda indefinido. Se professor, vou ser daqueles bem descolados. Na verdade descolado não. Afinal, depois dos 18 ser descolado é coisa de gente baranga. Não sou a peça mais carismática, mas modéstia a parte serei o professor mais querido entre os alunos. Caso seja jornalista, quero uma coluna. Diária, semanal, decido isso depois. Se político ou diplomata ainda não sei, a ideia atrapalha um pouco a minha proposta caseira.
Idiomas pretendo falar no mínimo cinco. Português, claro, inglês, francês, espanhol e italiano. O segundo e o último são os que mais me atraem. English, cool. Italiano sexy.

No meio disso tudo ainda não citei você. Você que nesse caso aplica-se como sujeito indefinido ou inexistente.
É claro que em todos esses planos existe em cada detalhe um slot disponível para te encaixar. A cama, de casal. Os livros, aqueles que você me der de presente. O texto perdido ou a falta de concentração, deliciosamente será você. Que me distrai, me diverte, prende meu pensamento. Acordar tarde, dormir tarde, rasgando horas e horas madrugada adentro conversando, rindo, e lógico, o tradicional.
Entretanto, crio apenas a deixa, mas não te encaixo. Todo esse futuro é gostoso demais para ser boicotado com complicações.
Se encaixar, elaiá! Até deixo você escolher o nome do nosso filho, ou do cachorro. Preferências.

Caso não, todo partidão que se preze leva junto uma paixão ardente inacabada, ou inconformada. E lógico, por ser um partidão um dia você liga. Lógico que liga!
Se esqueceu que sou romântico? Depois de mim, quem vai te mandar flores em dias nada comemorativos. SMS no meio daquela reunião de pauta chata? Meu papo, excelente. Qual outro cara consegue ir da política a novela sem tediar? Ressaltado claro, sempre te fazendo rir. Destreza para aguentar aqueles seus dias de stress, mais alguém, alguém? Quem mais aturou suas crises egocêntricas, seus ataques de indiferença? Foda né colega?
Olho pra bina, vejo o número, mas não atendo. Não porque esteja ocupado, só vou ignorar mesmo. Afinal, se não tenho o felizes para sempre, o final feliz é que não vou perder.
HÁ!