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Singular do Plural

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Rabiscos de lápis, teses sociais, discursos inflamados. Que me desculpem os românticos por obrigação, mas de hipocrisia já tenho me fartado. Não que eu faça apologia as mazelas do mundo, mas por favor, não me obriguem a negar suas existências e dêem-me licença para aceitá-las. Já estou farto desse mundo onde se esconde o preconceito. Não me alegro por isso, mas sim, sou preconceituoso, e quem não é? E antes que me venham atirar pedras já peço desculpas e me justifico num desabafo poético. Cansei-me de ter que falar mal dos políticos e fingir que a corrupção me incomoda. Tudo isso pra quê, consenso social? Estou indigesto de viver em harmonia com todos, quando na verdade em certos dias não suporto nem a mim mesmo. Quero meu direito de ser fútil, de acreditar que dinheiro traz felicidade e de assistir reality shows. Exijo meus momentos de egoísmo puro e permissão para pensar que escolar não é para qualquer um, de não querer fazer um mundo melhor. Enfim, neste século que tanto se prega a liberdade e a expressão, me surpreendo capturado por um sistema cínico de insinuações de falsas escolhas. 

Só falta a palmatória (Editorial)

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A distribuição de livros com narrativas de sexo e violência, realizada nas escolas públicas
pelo MEC, põe em pauta mais uma vez os rumos da educação no país. O assunto que foi
matéria desta Folha (“MEC entrega a adolescentes livro que narra estupro”, Folha de S. Paulo,12/08/2010),
como era de se esperar, gerou polêmica e dividiu opiniões. De um lado uns apoiam a medida,
argumentando que o livro abre a oportunidade do debate nas escolas, já na contra-mão outros
enxergam tal ação como algo lamentável, que não contribuirá para uma formação sadia e
responsável. Mas a questão vai além da utilização ou não dos livros, leva nossos olhares para
a canonização das escolas, que tem ocorrido nos últimos anos.

A escola numa espécie de tentativa de preservação, congelou seus currículos. Os tempos
mudaram, a sociedade se transformou mas continuamos ainda com os mesmos livros didáticos
da época da Ditadura. O medo em estragar essa instituição que parece o único meio de
progresso intelectual, impede as alterações necessárias para que a lógica de sua existência
se mantenha. Segundo a própria escola, sua missão é: “ASSEGURAR UM ENSINO DE
QUALIDADE, GARANTINDO O ACESSO E A PERMANÊNCIA DO ALUNO NA ESCOLA,
FORMANDO CIDADÃOS CRÍTICOS, CAPAZES DE TRANSFORMAR A REALIDADE.”,  trecho
extraído do regimento do Col. E. Duque de Caxias (PR). Mas como esperar uma transformação
da realidade atual se inserimos nossos jovens num processo educacional que os priva dela?

A polêmica sobre a distribuição dos livros com contexto violento e sexual, citado no início da
matéria, é apenas um dos vários exemplos que podemos citar sobre a censura que alguns
educadores impõem sobre o mundo real. Quase metade dos nossos adolescentes já possuem
vida sexual ativa, e mesmo assim a escola fica alheia a educação sexual. Estudantes são
mortos dentro das próprias salas de aula e alegando defesa a dignidade e a integridade de
caráter negamos o debate sobre a violência. É preciso trazer o problema para a turma. Nossos
jovens estão acomodados num sistema em que o professor fala e eles são obrigados a engolir,
sem digerir, tudo que lhes são ditos. Essa premissa tem de mudar. A formação de um cidadão
crítico depende do debate.

Além disso, é necessário rever os meios didáticos oferecidos ao longo do processo de
formação. É incrível como a televisão ainda é diabolizada por muitos professores. A internet,
que é sem dúvidas o meio de comunicação preferido da geração 2000, raramente é explorada,
sendo lembrada apenas nos clássicos sermões sobre o tempo em que as pesquisas eram
feitas na biblioteca. Toca-se o sinal e numa espécie de teletransporte levam-se os alunos
para um mundo onde tvs, computadores, video-games, celulares, simplesmente não existem.
Trancamos nossos estudantes em salas onde o mais próximo que chegam da atualidade são
os calorosos debates sobre o aquecimento global.

É possível sim uma convivência pacífica entre os logaritmos e a educação no trânsito, por
exemplo. Camões e Felipe Neto podem amigavelmente dividir as aulas de literatura, por que não? Na escola do século 21 não há mais espaço para delimitações. Portanto, ou quebra-se
logo esse muro que separa as salas de aula da realidade ou então teremos uma educação
cada vez mais distante daquilo que deveria ser.

(Simulação de um editorial para o jornal Folha de São Paulo)

Proposta de redação - Fuvest 2010

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Saudações meus pupilos! Aos que pouco me conhecem já sabem da minha pequena grande neura com vestibular. Logo, não poderia deixar essa parte de mim fora do contexto desse blog. Estou postando aqui a minha redação da Fuvest 2010.

A proposta do texto era versar sobre a construção de imagens em nossa sociedade atual. Seja ela sobre pessoas, fatos, produtos, livros.

Quem vê cara não vê coração

Durante toda a nossa vida ouvimos dizer que não devemos julgar o livro pela capa, que
não importa a roupa que você vai usar mas sim se sentir feliz. Ensinamentos como esses
podem soar bem mas estão muito longe de traduzir a realidade vivida hoje. Não basta a
mulher de César ser honesta, deve parecer honesta. No mundo atual tudo gira em torna das
aparências. Desde a confecção de uma embalagem de margarina até o lançamento da
campanha de um político, é a imagem que está em jogo o fator decisivo para a tomada de
qualquer decisão.
Personal styler, assessores de imprensa, publicitários, designers gráficos, são inúmeros os
profissionais que trabalham exclusivamente na construção de ideais, sejam eles sobre
pessoas, empresas ou marcas. Hoje em dia, em alguns casos, gasta-se muito mais em
publicidade do que com o próprio produto ou serviço em si. A batalha das vitrines ou dos
comerciais de tv deixaram para traz apenas a preocupação com a boa impressão e estão
investindo pesado para atingir até mesmo o psicológico de seus consumidores. Ao preparar
um comercial, uma agência não busca informar os benefícios de um shampoo, muito menos
sua composição química, seu objetivo é atingir o querer do público. Se a vontade de toda
mulher é ter um cabelo lindo e brilhante, que atraia o olhar de todos os homens, é assim
que o produto será vendido. A mercadoria deixa de ser um objeto de higiene pessoal e
transforma-se num passaporte para atingir tal desejo. Outro exemplo muito marcante dos
efeitos publicitários em nosso sub-consciente aparecem nos períodos de campanhas
eleitorais. Foi-se o tempo em que o discurso era a unica arma de convencimento ao eleitor.
Além das propostas e plataformas de governo, nos palanques e horários políticos
encontramos uma batalha ferrenha para mostrar qual é o candidato mais simpático da
disputa. No cenário contemporâneo, o sotaque e até mesmo um corte de cabelo são
artifícios usados para a conquista de um voto.
Entretanto, além de propor meios para o alcance de certo sentimento, a mídia trabalha
na construção do próprio sentimento. Não apenas somos convencidos de que tal serviço ou
produto é o melhor, como somos persuadidos a acreditar que necessitamos dele para nossa
felicidade. Um adolescente de 14 anos, por exemplo, não precisa de um celular de última
geração, mas bombardeado pelo poder da mídia é convencido de que se não tiver um o
jovem não será "descolado", será diferente de seus amigos, fora de moda. Logo, precisa do
aparelho para ser feliz.
São muitos os elementos midiáticos para nos impor conceitos como o bom, o certo, o
melhor e o necessário. Numa sociedade em que há um fluxo de informação tão contínuo
devemos desenvolver um senso crítico muito apurado para conseguir enxergar a essência
de tudo aquilo que nos é oferecido. Não existe informação cem por cento imparcial ou um
produto com total excelência. O mundo é formado por ilusões, imagens distorcidas da
realidade. Cabe a nós distinguir o quão cada uma delas está.