Traço

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Meus versos mais bonitos são de momentos árduos de saudade e solidão. Talvez por isso minha 
vocação em ser poeta. A rotina da falta, da espera - que me dói, me inspira. Nas pegadas desse 
chão, caminho, tropeço... eu sigo. Mas não as pertenço. 
Minha história escrevo na busca concreta pelo lúdico. Nem sei. Aliás, quero tanto e tenho nada 
que já nem quero querer. Mentira! Quero sim. Mas quero pouco, uma pílula de exagero, de 
miúdo. Sou de colo, quero beijo, o afago dos olhos, teu sorriso, suspiro, noite em claro. 
Se estou já me perco. Enquanto você quebra os meus códigos, eu lhe decifro. Te amo, te odeio, 
te inspiro a me arriscar. Daqui não sou, portanto, a rotina não me interessa. 
As vezes me espanto com o curso que me levo, ou com a força das ondas contrárias. Não muito 
raro me questiono se navego sozinho para o nada. Meu leme, cúmplice de minhas sandices, se 
nega a tomar um rumo que não o do teu cais. Os ventos ecoam, proclamam um futuro que destoa 
da correnteza que tenta me provar que não verei o pôr-do-sol. 
E me deixo na ressaca desse mar, para que me achegue a calmaria das praias de um abraço. 
Sou imenso, turbilhão de profundidade. Sou vida, mistério, força em calmaria. Mais do que eu, 
somente tudo aquilo que quero ser e que em mim coesiste ao habitar.