O bom arroz com feijão

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Quem nunca se viu repentinamente apaixonado, ou melhor, perdidamente apaixonado por alguém? Aquele seu professor de meia idade, ou aquela garota nova da classe, sua prima, seu vizinho. O simples mencionar do nome, ou o lembrar do seu perfume já aceleram o ritmo cardíaco. Quando não exageradamente o faz parar. 

Não que isso seja ruim, mas paramos pra pensar nisso tudo quando a paixonite ganha futuro, ou teoricamente sai do ramo imaginário. Todos querem viver uma grande paixão ou um grande amor. Mas seria esse OU o mais adequado? Concluo eu que sim. Pois então, qual é a diferença entre a paixonite, tipicamente aguda, e o amor?

A primeira acontece num surto esporádico de paixão. Com fogosos espaços de tempo. Já ouviram falar de vazão? Então... a vazão é alta. Muito sentimento, muitos hormônios pra se liberarem em pequenos espaços de tempo. Não que isso seja ruim. Claro que não! Quem não gosta de intensidade, ou melhor, de quantidade! Sentir-se a pessoa mais amada e desejada por outro ser humano, mesmo que rapidamente, é sem dúvidas um ótimo analgésico para a estima. 

Mas no meio de tudo isso eu ainda fico com o pacato amor.
O amor é cotidiano, arroz com feijão. Mesmo com seus altos e baixos, se firma na convivência, nas boas risadas e até mesmo nas brigas mais ferrenhas. É alimentado por horas e horas de papo furado e confirmado por pequenos sumissos. É nessa saudade gostosa que se tem a graça. Uma falta boba daquilo que temos certeza de que logo logo teremos de volta. 

Se não existe essa necessidade constante do contato, do ouvir da voz, do beijo, da presença, mesmo que seja pra dizer que tem saudade, não existe amor. Não adianta se rebater, dizer o contrário. Sentimento ocasional é paixão, desejo repentino que vem, passa. 

É nesse ponto que a paixonite e o amor se diferem. Suas frequências e intensidades são distintas, logo levam a caminhos diferentes. 

Nasci mineiro, quieto. Não sou muito afim de me estressar, desse papo de deixar a vida rolar. Gosto do certo, do bom, do bom arroz com feijão. 



2 comments

Matheus Galvão 1 de maio de 2010 às 23:22

Muito bom!!! te dou toda a razão, concordo plenamente!!!
Ai o amor...

Gee 2 de maio de 2010 às 01:14

Well done, my friend! ;)