E os ventos do destino...

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Boa noite a todos, é inevitável começar com um clichê mas tenho que dizer que fazer este discurso foi uma das coisas mais difíceis que encarei até hoje. Claro, depois das provas de Máquinas Elétricas. Primeiro pensei em fazer aqueles discursos sobre cada pessoa da sala. Por exemplo, Tigre, nome científico Felipe Dias. Dono do sorriso mais dentário da sala e o único que assim como a Maria Teresa nunca faltou em sua vida acadêmica. Mas como imaginei, ninguém ia pegar as piadinhas internas e ia ficar esse clima de descontração igual o de agora. Por outro lado, pensei também em fazer um texto de agradecimento aos professores. Expressando por exemplo, toda a minha gratidão por cada lista de exercício que eles passaram, ou então por aquela deliciosa semana com 8 provas no mesmo dia. A verdade é que pensei... pensei e só fui  mesmo conseguir começar a escrever quando olhei pra minha mesa e vi ela: A apostila de redação do Luiz Carlos. Abri no capítulo técnicas de redação e vi as várias opções de dissertação. Tratando-se de uma sala como a nossa pensei em usar a técnica 2, temas polêmicos. Afinal, uma sala que consegue ter sua primeira briga numa aula sobre silogismo, já mostra a que veio. Mas no final das contas acabei adotando a técnica 19, textos para solenidades pseudo-importantes. Enfim, vamos lá. Creio que todos nós compartilhamos hoje sentimentos de alegria, contentamento. Porém, vale ressaltar as diferenças dessa alegria para cada um de nós. Entre os professores, a felicidade de dever cumprido e até mesmo de alívio, né? Já para os familiares, creio que toda essa felicidade venha do orgulho. Ver o filho se formando, virando gente, como dizia a minha avó. Entretanto, é inegavel dizer que os mais felizes aqui somos nós. O alívio de finalmente concluir tudo isso é imensurável. Acho que em nome de todos da turma posso dizer o quanto esses três últimos anos foram massantes. Posso parecer ousado mas arrisco a nos considerar como sobreviventes, afinal, 42 começaram, mas só 32 chegaramm até aqui. E olha, e como foi conturbado todo esse percurso. Provas atrás de provas, listas imensas de exercícios, trabalhos feitos nas vésperas, e entenda véspera como um horário antes e não como o dia anterior. Se há um mistério nisso tudo é como sempre conseguimos fazer com que tudo sempre desse certo. Mas temos que confessar também que o Cefet não é esse inferno todo também não. Como deixar passar em branco as viagens? Ouro Preto, UFMG, a ida para a PUC, com direito a guerra de flashes na volta. Os almoços dentro da sala, que a gente nunca sabia se comia ou se conversava. O truco clandestino. Não podemos nos esquecer das gincanas, que sempre geraram discórdia na turma mas no final todo mundo acabava se divertindo, ou não. Dos churrascos. Vale lembrar também dos casais que se formaram ao longo desse tempo, uns oficiais, outros... enfim. E claro, as ecléticas rodinhas de violão. Com o Gaubão na viola e o nosso menino prodígio, Pastel, no vocal, sertanejo, funk, pagode, rock, valeu de tudo pra espantar o tédio e fazer o tempo passar. E o tempo passou... e junto com isso veio sem dúvidas, a maior aprendizagem que levamos do Cefet. Quer dizer, a segunda maior aprendizagem, porque nada se compara ao diagrama ferro carbono, um verdadeiro mantra do curso de eletromecânica. Mas como ia dizendo, aprendemos em todo esse tempo a conviver. De repente, mais de 40 pessoas, a maioria sem se conhecer, são colocadas na mesma sala, passando a conviver horas e horas por dia. Sem exagerar, mas chegando épocas em que nos víamos mais do nossas próprias mães. Misturados entre as pesonalidades mais distintas, o 3°A, desenvolveu-se como uma turma “peculiar”. Começamos a perceber que nem sempre vamos gostar de todo mundo, e entendemos também que isso é nomal. Aprendemos na marra, que também não gostar não impede o respeito e a boa convivência. E mesmo que nesses três anos tenhamos nos divididos em grupos - o que é inegável, no final das contas éramos sempre unidos pelo desespero. Na hora de pedir aqueles 30 centavos pra tirar o xerox no Rayner, de copiar aquela bendita lista de Resitência dos Materiais, ou da cola marota nas provas de Circuitos - sinto em dizer aos pais aqui presentes, mas sim, nós colamos. Não sei se é a chegada do fim do curso, mas a verdade é que no fim das contas nos tornamos mais unidos do que realmente pensávamos ser. Com todas as emoções exaltadas poderia dizer que um ponto de exclamação seria propício para este momento. Ou então uma interrogação: Será que vamos manter as amizades? O que será de nós? Para onde vamos? Porém, se refletirmos, concluiremos que o melhor mesmo é um ponto final. Não um ponto que nos desconecte, mas que feche este período, permitindo que um outro se inicie. Abrindo espaço para mais páginas de nossas histórias. Páginas estas, que assim como um livro que se interelaciona em seu todo, conterá também influências do momento em que vivemos - do hoje!  Saímos agora da escola, de debaixo das asas dos nossos pais, para sermos adultos. Daqui de cima, posso ver grandes engenheiros mecânicos, elétricos, engenheiros químicos, de produção, médicos, internacionalistas, psicólogos... mas acima disso, vejo pessoas aptas a escreverem o seu próprio futuro. Enxergo um poder de decisão, a capacidade de mudança - que mais do que a qualidade do ensino que obtivemos, é o que realmente nos tornam superiores. Por fim, encerra-se aqui mais um ciclo. Mas para aqueles que encaram tudo isso com um tom de fim, de tristeza, eu só tenho a dizer que hoje, 26 de novembro de 2010, hoje, os ventos do destino apenas começaram a soprar.

*esboço do meu discurso de formatura

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Vanessa Vilaça 28 de novembro de 2010 às 20:26

Parabéns Gabriel, foi um ótimo discurso!

Silas 29 de dezembro de 2010 às 10:45

ótimo, solenidades pseudo-importantes....kkkkk gostei d+. Sucesso!

Daniel Bueno 9 de fevereiro de 2011 às 15:15

ficou massa d++...ainda mais na hora que vc me chamou de menino prodígio..hahaha..eu nao aguentei...chorei de rir!